RAÍZES DO AMANHÃ

Há desarranjos em nossas mãos,

cidades que se expandem como sombras,

rios que murmuram o peso de um futuro

afogado no afã de nossos passos apressados.

As florestas, silenciosas,

gritam em segredo,

enquanto sua voz se dissolve no vento.

Mas e se, por um instante,

tivéssemos a coragem de ouvir?

E se a poesia não fosse apenas a palavra,

mas a raiz que se entrelaça com o solo,

alimentando um pacto de cuidado e renascimento,

onde cada verso fosse um gesto de amor à Terra?

Ser poeta é ser espelho da paisagem,

é reescrever o mundo com as mãos nuas,

plantar, na terra fértil da alma,

o princípio de um novo olhar,

onde a ferida não é fim, mas começo,

onde o cuidado se faz estrada,

e o cuidado, ainda que singelo,

reconstruímos a partir do afeto.

Ainda há tempo, há sempre tempo,

se nossa subjetividade não se tornar

mais um recurso a se esgotar.

Se semearmos em nossos corações

a leveza do passo que diz respeito ao chão,

a poesia será o fôlego renovador,

que nos ergue, sem pressa,

sob um horizonte que, ao longo,

se revelará possível...

Roger Jeronimo
Enviado por Roger Jeronimo em 12/11/2024
Reeditado em 12/11/2024
Código do texto: T8195396
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