Doce-de-leite

Edson Gonçalves Ferreira

Minha mãe adorava doce-de-leite

Fazia tachadas vigiadas por nós, meninos

Esperávamos a rapa do tacho

A coisa mais deliciosa do mundo

Igual os momentos da vida concentrados de ternura

Pouca gente, hoje, percebe

A televisão comeu a sensibilidade de muitos

Não se atrevem a parar

Para o olho no olho

O devorar a rapa das palavras nos bons livros

Eu não, como bom mineiro sei

Quando percebo que alguma coisa vai ser doce

Tão doce como o doce-de-leite da minha mãe

Paro e deixo que o meu coração absorva a ternura toda

O milagre da vida se resume nisso.

Divinópolis, 16.02.08

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 16/01/2008
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