Pausa pro Fim

Dizem que o fim vem de fininho,

como o mar que lambe os pés na areia,

sem pressa, sem aviso, um tropeço,

feito final de festa ou do sonho sem volta.

Mas se puder muda, espera um pouco,

pois hoje a tarde tem cheiro de infância,

de vento morno varrendo as calçadas,

de manga madura pingando o tempo.

Ainda tem tanta rima guardada,

tantos risos presos nos dentes,

e histórias que dormem nos bancos da praça,

pedindo só mais uma chance.

O fim que nos espera,

temos uma dança pra terminar,

um abraço esperando o abraço,

e o sol que ainda insiste em brilhar.

Por hoje, seguramos a pressa da Terra,

não corremos mais, que há muito pra ver.

Que o mundo entenda o nosso acordo:

adiamos o fim pra o tempo viver.

PAULO PEREIRA
Enviado por PAULO PEREIRA em 11/11/2024
Código do texto: T8194750
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