Decepções
Os olhares que me vigiam,
Me decepcionam.
Olham, mas não veem!
Escaneiam-me, não me reconhecem.
Caminho entre olhares vazios.
Na ânsia de subjugar,
Pisam sobre outros, como escadas.
Insana busca por poder em cada olhar.
Acaso se esquecem de que ele é difuso,
diluído em tudo e em todos?
Na frivolidade dos olhares,
nada em mim os atrai.
Ignoram minha essência,
não celebram meus sucessos,
nem se condoem com minhas dores.
Para eles, sou presença visível, mas vazio de significados.
Objetificado por um olhar que não me vê, sigo!
Pessoas que idealizei,
Expectativas que criei,
Se vão como folhas ao vento.
Resta só a decepção, minha companheira constante.
Na ignomínia de suas omissões,
deixam marcas por onde passam:
falsas promessas, injustiças, traições.
Pairam dúvidas sobre meus céus:
Idealizando pessoas,
não erro ao criar expectativas ?
Ao julgá-las pelo que não são,
Não estou, a vigiá-las,
impondo-lhes minha liberdade como prisão?
Não estou também numa busca interminável por poder?
No descompasso entre as expectativas que criei e o que vejo,
preciso sair dessa líquida multidão e encarar minhas frustrações,
sem torná-las feridas tão fundas.