"O Coração de Ana"

Pequenina Ana, com olhos gatiados,

Chora baixinho, o coração apertado.

Tão doce e pequena, com voz de cristal,

Implora à mãe um carinho incondicional.

"Amor, mamãe, me ouve, por favor...

Eu só quero um pouco de amor,

Tira de mim esse martírio,

Vem, mamãe, me abraça, sou tão sozinha..."

Mas a mãe, perdida em seu mundo a correr,

Nada escuta, não tem tempo a entender.

Ana, com seus dois anos e meio de pureza,

Clama por um gesto, por uma leveza.

"Vovô, vovô, vem buscar a Ana!"

Ela chama, com a voz tremendo de esperança,

Que colati, que colé, que gadinho, me acolha,

Que alguém a sinta, e a dor se alivia.

"Te amo, vovô, te amo, por favor,

Vem me tirar dessa solidão,

Me abraça forte, me aquece o coração!"

Ana, com seu olhar sereno,

Suplicando um afago, no vazio do seu ser.

Mas, ainda que a mãe não possa ouvir,

O amor de Ana insiste em persistir,

"Dicupa, mamãe, dicupa mamãe,

Por eu não conseguir fazer você gostar de mim..."

Com um coração imenso, ela vai esperar,

Que um dia, alguém venha... e venha a amparar.