A Jarra e Seus Líquidos
A jarra, vazia, espera,
Em sua calma, a alma inteira.
Na boca aberta, o mundo entra,
E ela se preenche, lenta.
Primeiro, a água, cristalina,
Como um sonho, serena e fina.
Ela se espalha, suave, fria,
Trazendo paz à noite vazia.
O suco chega, doce e quente,
Cores dançam, correm em frente.
A jarra sorri, em sua essência,
Tão cheia de luz, sem resistência.
O vinho vem, com sua dor,
Escuro, fundo, cheio de amor.
Ele se espalha, pesado,
E a jarra sente o peso do passado.
Às vezes, lágrimas são o que cai,
Escorrem lentas, como um “não vai”.
Mas a jarra não se perde no pranto,
Ela acolhe, em silêncio, o encanto.
A jarra, então, é mais que um ser,
É alma que vive, que sabe sofrer.
E no seu vazio, acolhe o mundo,
Com cada líquido, ela se faz profundo.