Nas Cinzas do Deserto.
No deserto, vasto e cruel,
caminhou um homem só,
quarenta dias de sombras,
onde o sol queimava sem dó.
Os ventos eram lanças,
as noites, abismos sem fim,
e as areias, lágrimas secas
de uma dor que morava em mim.
As estrelas, testemunhas mudas,
viram suas preces, o vazio,
no horizonte, só tempestades,
e a promessa de um sombrio frio.
Mas no coração que desfalecia,
algo ardia, não se extinguia,
era o fogo de uma fênix oculta,
que na dor, renascia.
Ele caiu, ferido e fraco,
no chão, onde a alma perece,
mas das cinzas, veio o milagre,
um voo que o reergue e aquece.
E ao final, não houve triunfo,
somente o fim de uma jornada,
pois quem atravessa o deserto
carrega para sempre a estrada.