A minha canção
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Eu quero uma canção
que corra solta pelas ruas,
e que em cada lembrança nua
eu encontre tuas lembranças,
teus retratos de criança,
e encontre teu coração.
Eu quero uma canção
capaz de captar teu sim,
que é mais do que tudo que é assim.
E salta e pula e rola
e todo choro consola;
é assim tua versão.
E eu quero uma canção
que chegue aos bares e festas,
que provoque eventos e festas;
e mexa com o pobre e o rico,
e ame o pobre e o rico,
e seja simplesmente canção.
Canção sem nenhuma pretensão.
Canção que apenas cante
e no canto, ande solenemente,
rompendo porres e medos,
causando dores e desejos,
como pretensão de uma canção.
E que minha canção não seja feia,
não tenha a cara da sociedade,
não queira dominar qualquer cidade.
Que ela seja o fruto do sossego,
que é fruto contemplativo do novelo
da minha canção malfeita.