O Peso do Silêncio

Caminhou o homem por entre as vidas,

com mãos abertas, sempre a dar,

levando consolo, sem pedir guarida,

oferecendo luz, sem nada esperar.

E todos se iam, aliviados e leves,

como quem encontra refúgio no cais,

mas ele ficava, cada vez mais breve,

esquecido nas sombras dos seus próprios ais.

Um dia a tristeza bateu-lhe à porta,

soturna, pesada, sem cor ou som,

e o homem, que sempre soube confortar,

se viu sozinho, no mais profundo vão.

Nem um vulto veio, nem um gesto acenou,

as mãos que estendia caíram no chão,

e o homem, que tanto o mundo ajudou,

descobriu-se só, sozinho, sem ilusão.

Agora, no eco do vazio, ele chora,

não por ter dado, mas por não receber,

no silêncio que tudo devora,

é a solidão que o faz perecer.

Arthur Marchesini
Enviado por Arthur Marchesini em 07/11/2024
Código do texto: T8191647
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