Caminhando sob a Tempestade.

No meio da tempestade te chamei,

mas tua voz era o silêncio.

Caminhei entre homens como sombras,

meus passos afundavam em lama e relâmpagos,

e só o vento me respondia.

Onde estavam os olhos que prometeram enxergar-me?

As mãos que um dia se estenderam?

Agora, sou apenas este homem,

solitário entre rostos que se desmancham,

como areia levada pela fúria do mar.

E a chuva caiu sobre mim como uma sentença,

mas não me dobrava.

Meus pés, ainda que cansados,

seguiram o caminho traçado pelos trovões,

como quem busca o horizonte mesmo sabendo

que ele jamais virá.

Não houve abrigo, nem âncora.

O mundo seguiu cego, e eu segui mais só,

como uma folha lançada no rio da vida,

sem remédio, sem verso,

apenas o murmúrio das águas e a dor,

a doce dor de ser eu, sempre sozinho,

sob o céu enfurecido.

Arthur Marchesini
Enviado por Arthur Marchesini em 07/11/2024
Código do texto: T8191287
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