Minhas lembranças de Maria

 

O que te direi, Maria,

da camisola branquinha

que costuraste com linha

e toda a graça que havia?

 

O que te direi, Maria,

dos teus ousados peitinhos

no sutiã em desalinho

que minha mão acharia?

 

O que te direi, Maria,

do teu púbis encoberto

de arruivado e descoberto

na minha impura ousadia?

 

O que te direi, Maria,

das sardas do teu rostinho

que eram flores no caminho

quando feliz eu te via?

 

O que te direi, Maria,

do cobre dos teus cabelos

que me arrepiava os pelos

de tanto que eu te queria?

 

O que te direi, Maria,

das florzinhas na grinalda,

do teu olhar esmeralda

que no escuro mais luzia?

 

O que te direi, Maria,

do teu colo o acalanto

que me adormecia santo,

como um santo me despia?

 

Quando um ato de magia

vem da saudade que eu tenho

e a tua imagem desenho,

o que te direi, Maria?

 

 

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Na ilustração, A Ruiva com Blusa Branca de Toulouse-Lautrec (França, 1864-1901).

João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 03/11/2024
Código do texto: T8188857
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