não dizível

O escuro aquoso, rebelde e silencioso,

não obedece, não escuta o símbolo eleito.

Ainda assim, em seu abraço enigmático,

não desabona, mas acolhe o mistério.

Recusa reflexos, imagens que o cantem,

incrusta-se, assenta-se, move-se

ao seu próprio compasso,

não navega conforme o tempo,

mas é tempo que se faz nele,

não é narrado, mas tece

seu enredo no sopro do medo,

não é reflexivo, mas sob seu domínio,

desfaz formas,

enquanto a pedra se transmuta em vento,

não responde à linguagem, mas inscreve

sabedoria na carne!