Nu com Meu Cavalo
Pés nus
Pele, Pelos e Poros aos ventos - nus
Eu Descalço
Cabelos longos negros ondulados com cheiros de alecrins, tostando os ventos com cheiro de liberdade
Pés descalços sujos de mato - nus
Pele dourada pelo sol ardente e cru
Pele nua, nua, nua
Pelos nus , nus, nus
Poros nus, nus, nus
Átomos dançando em meu peito
Ardente como luas cheia e crescente
Meu hálito quente com cheiro do capim a entrar em meus tímpanos
Pele nua ardente
Pelos nus encharcados pela brisa
cheirosa a clarear os ares dos dias
Poros nus abertos ao calor das veias que irrigam minh'alma
Pele - Pelos - Poros
Eu no meu cavalo com meu corpo nu em pelo, em pele, em poros a cavalgar compondo com a inteireza da canção do meu existir
Como um deus nu
Como um anjo nu
Como um enigma nu
Com as estrelas nuas
Como as flores nuas
Meu corpo nu ao sol se esconde
dos esconderijos dos esfarrapados que se cobrem de mentiras cruas
E nu não vivem - sub vivem
Com seus rastros cicatrizes sem bálsamo, sem paixão
Nu meu cavalo de crinas soltas leves livres dos tormentos e agruras dos formatos medíocres que moldam, modelam e acondicionam
Nu em meu cavalo solto, livre, leve
Sem as torturas dos cabrestos
Sem as celas que selam torturas torturantes
Sem os limítrofes das ferraduras:
agonia e loucura
Sem adaturas!!
Sem torturas !!
Sem a bravura dos covardes
E sem as exitosas fantasias de machos à beira dos abismos solapantes
Nu em meu cavalo livre
sem as torturas das esporas comandos dos covardes
Meus cabelos negros em ondulações aos ventos dançando com as crinas livres do meu cavalo lume motriz matriz
Sem rédeas, sem cordas, sem tacas
Sem porradas
Sem tacadas
Sem sangue borrifando o chão
Eu e meu cavalo : dois amantes com cabelos e crinas longas como metáfora de mim em mim mesmo,
em nós mesmos
Cavalo perfumado com a liberdade de ser cavalo com crinas soltas longas aos ventos livres
Eu nu em meu cavalo
E numa só dança dos nossos pulsares pulsantes nas errancias de sermos
Livres
Leves
Soltos