Imagem da A Calculista
Entre a água e o Fogo
Entre a água e o fogo, eu caminho,
Silenciosa, meus passos são calculados,
Como a corrente de um rio que corre fundo,
Mas com o calor de brasas que ardem quietas.
Sou feita de aço e de seda,
De batalhas travadas e segredos guardados,
A canção dos grãos colhidos ecoa em meus ouvidos,
Enquanto o brilho de espadas me cega à distância.
Vi os olhos dos que julgam,
Os que confiam e os que temem,
E mesmo assim, meus pés seguem firmes,
Entre a frieza da água e o calor implacável do fogo.
A terra que piso é minha,
Assim como o ar que respiro,
Mas no fundo do peito, algo arde,
Um desejo por algo que não sei nomear.
Meus cálculos são frios, minhas mãos precisas,
Mas há uma chama que não apago,
Entre as linhas do pergaminho e a lâmina afiada,
Sou eu, sempre eu, entre a água e o fogo.
E enquanto o reino dorme,
Eu vigio suas margens e suas sombras,
Porque entre o que é e o que parece ser,
Há sempre uma linha tênue,
Como o ponto onde o rio encontra as chamas.
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leia a poesia de O Jardim de Aelise