Medos
Num espelho trincado me vejo.
No reflexo, fragmentos de um todo desconhecido.
Nas fissuras do vidro,
Meus medos revelados.
É o temor do vazio,
da palavra não dita,
do abraço que falta,
do amor que não tenho.
Tenho medo do espelho,
de enfrentar minhas verdades,
e ver no reflexo um eu que desconheço.
Em cada fissura, dualidades.
Tenho receio do que verei.
Esse medo me angustia.
Aquele reflexo sou eu, com todas as suas facetas, fissuras, mediocridades.
Em cada medo um sussurro me empurra para a margem, ou me puxa para o fundo.
Escolhas...
Ficar é aceitar o peso da âncora.
Sair é travar batalhas.
Entre o vazio e um oceano de escolhas,
meus medos me impulsionam, convidam a sair da letargia.
Diante do espelho trincado não dá pra ficar imóvel.
Melhor fazê-lo companheiro de caminhada, a deixar a finitude me encontrar inerte.
O tempo escorre, como água de rio.