Invisibilidade poética

 

Das coisas invisíveis, eu gosto

É de achar a presença miúda.

Tem bicho que faz ninho em nuvem

Tem rastro de chuva em areia,

E até vento descalço já vi.

O invisível tem truques,

Se esconde no riso do sapo,

No pó que as sombras levantam.

E faz, o tempo inteiro, o milagre

De estar sem aparecer.

 Se os olhos não acham,

Não quer dizer que não existe.

Vê só: silêncio é coisa viva,

Uma gente que mora em parede,

Tão fácil de ser esquecida.

 Eu, que coleciono mosquitinhos

E guardo poeira no bolso, descobri:

O invisível é como o miolo do pão.

Está ali, só não quer ser visto.

 Papo reto:

Invisível, é tudo que se vê

E não se sente.

Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 02/11/2024
Reeditado em 02/11/2024
Código do texto: T8187771
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