Invisibilidade poética
Das coisas invisíveis, eu gosto
É de achar a presença miúda.
Tem bicho que faz ninho em nuvem
Tem rastro de chuva em areia,
E até vento descalço já vi.
O invisível tem truques,
Se esconde no riso do sapo,
No pó que as sombras levantam.
E faz, o tempo inteiro, o milagre
De estar sem aparecer.
Se os olhos não acham,
Não quer dizer que não existe.
Vê só: silêncio é coisa viva,
Uma gente que mora em parede,
Tão fácil de ser esquecida.
Eu, que coleciono mosquitinhos
E guardo poeira no bolso, descobri:
O invisível é como o miolo do pão.
Está ali, só não quer ser visto.
Papo reto:
Invisível, é tudo que se vê
E não se sente.