Justiça

Ouço gritos?

Ouço gritos!...

Sob a janela lateral/

Há crimes no quintal/

Um homem com a perna dilascerada/

Se esgueira, entre os carros/

Se aperta entre os viciados/

E mães embriagadas com suas crias/

A mendigar nos ônibus e paradas/

No diário do Pará/

A corrupção escrita delata/

Essa miséria absoluta/

Mas a omissão não cansa de falar/

A cada tijolo sob o sol/

A cada lixo sobre o mar/

Garimpos ilegais são permitidos/

Prostituição infantil/

Sonegações, excluídos/

Invasões e derrubada de árvores /

É o que a constituição protege/

Se não fores herege/

Trabalhadores de joelhos/

Gastos públicos profanos/

Políticos envolvidos/

Quem poderá auditar/

Na massa, que amassa/

Há lágrimas de sangue/

Sem poder cessar/

Porque a ordem desse tempo/

É desordenar/

Quão aplaudido é o bandido/

Celebridade é aquele vulgar/

Anarquia é a opção popular/

Então vou reclamar de que/

Se pra não sofrer/

Tenho que me conformar com a tv/