Entranhas sertanejas
Nas quebradas do existir, vai o homem caminhando, estranho pra ele mesmo, bicho entranhado de si. No barro e poeira,
Deus se desdobra em pedaço, e o vento assopra mistério por entre o cerrado.
Tem uma fala que fica na dobra da gente, dentro de um canto do peito, é palavra sem som, um risco de rio que não sabe pra onde, porque o sertão não precisa de rumo ou razão.
Pensa o homem que se afasta de si, mas volta em laço, como bicho que fareja a toca, porque o caminho é cego e sabe mais que o andar, e as léguas que cortam a terra o devolvem ao chão.
Que a vida é assim, vão fio que estica e dobra, vereda entre o que se entende e o que falta entender.
E, no fim de tudo, é só ele e o silêncio, tão grande e miúdo como um grão de poeira.