Onde sempre deveríamos estar

 

A Poesia não se quer entendida, mas vivida.

Não espera ser decifrada, mas permitida.

Poesia não cabe no lógico

nem se acalma no sereno.

É descompasso, como o sopro do vento

que desconhece limites.

É a pulsação que nos faz sentir

cada linha como o impacto de uma onda,

cada palavra como uma artéria

revelando o sangue quente da vida.

 

É sim o 'Ponto Fora da Curva',

a própria alma do verso,

aquele pedaço de eternidade

que, por um instante, nos toca e nos abandona,

mas nunca sem deixar sua marca,

um eco que permanece.

 

A Poesia é essa travessia

onde, ao se desmanchar,

ela se reconstrói no invisível

que sentimos no abraço,

na maré que sempre retorna,

na ânsia do quilômetro inatingível

que nos convida a ir além,

sem saber exatamente para onde —

mas sabendo que é, de alguma forma,

onde sempre deveríamos estar.