Logo na primavera
As flores teimam em cair
É primavera
E o vento
As árvores
As plantas
As flores colorem o caminho
Embelezam o chão
Dão espetáculo aos olhos
E eu admiro as flores caídas
Belas, as cores na natureza
O vento levanta a poeira
A poeira cai nas flores
E eu me lembro
A poeira também
Agora é Renato Russo
"És pó e ao pó tornarás"
Até na morte é poético
É autêntico
Valeu Renato
Você foi, logo na primavera
E quis ficar nas flores
Continua colorindo
Seu pó agora é música viva
Todo meu respeito
A esta poeira
Que foi e é
A coragem de ser
De falar
Parabéns, cara
O túmulo não lhe conteve
Continua cantando:
"Não sou escravo de ninguém"
Está livre no vento
Na poeira
No sopro
Nas flores
Sua é a música
Ficou a voz
Restou seu protesto
Sua coragem de ser
Você assumiu o que não temos coragem
"É o ouro em seu brasão"
Ainda a luta
Continua entre nós
Na sua passagem
O seu grito
É o nosso grito
O grito do desejo de autenticidade
A vontade de sermos nós
Como você foi você
O seu sonho
É eterno
Sua vida
É uma das mais bonitas
Sua morte continua na beleza.
"E a nossa história
Não ficará pelo avesso assim
Sem final feliz
Teremos coisas bonitas
Prá contar...
Temos muito ainda por fazer..."
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 1997