Início?
Partindo do início - quem realmente sabe por onde se começa? Bem, eu diria que é por aqui - nunca fomos bons com essa parada de amor. Nunca tivemos namorados ou namoradas, admiradores secretos, e aposto que nenhuma criança do colégio nos teve como crushes. ‘’Vocês são lindos!’’ sempre afirmava minha mãe, eu tentava acreditar, mas não é isso que toda mãe conta? Bem, todas as mães menos a de Caio. Ela sempre o chamava de ‘’estranho’’, e eu sempre ria. Ele realmente era estranho. Muito estranho. Meu estranho.
Meu pai por sua vez me chamava de ‘’olho junto interesseira’’, e Caio ficava puto com isso, mas dizia ‘’minha pequena interesseira… Vou lhe dar o mundo! Espere pra ver.’’
você prometeu que ia me dar o mundo. por favor, vamos ser estranhos interesseiros juntos!
Acho que se tem um ponto de partida, temos uma linha de chegada. Um final. ‘’The End’’ como dizem os cineastas. Esse vai ser o nosso fim? Não tenho como admitir isso.
abra os olhos! abra a porra dos seus estranhos olhos… você me prometeu.
O começo tinha o doce cheiro de novo, era engraçado e formigava a barriga. Quando nos acostumamos com o novo, ele se torna normal, diário, fica com cheiro de café logo pela manhã, e o formigamento na barriga, agora dorme tranquilo. Mas o fim… O fim tem cheiro de hospital, cheiro de solidão - se é que posso descrever em um cheiro - e o formigamento volta, mas vem junto de uma incerteza horrível e esmagadora.
você prometeu! abra os olhos! abra, por favor!
Enfim, o fim te deixa sem chão, sem lágrimas, e muito menos, voz para continuar implorando. O fim te faz ter saudades do começo, e desejar que tudo voltasse para o mais normal dos cotidianos.
Você era meu chão, minhas asas, meu amparo. Ia de meu melhor amigo a meu pior inimigo em uma batalha de cosquinha. Eu era sua. Você era meu. Sua interesseira e o meu estranho. Só meu.
abra… abra os olhos…