Entre o Caos e o Eco
Do alto de minhas falésias, por horas a fio,
Contemplo um mundo caótico em dormência.
Nele, distante e intocável,
Portas se fecham, tempestades desabam,
Costuras se desfazem, outras portas se abrem.
Estou cansado da minha leniência,
De permanecer sem ter porquê.
Quero descer e procurar respostas.
Travar minhas lutas, mesmo sem causa.
Desvendar enigmas que não sei decifrar.
Ando cansado da minha apatia.
Nos caminhos a percorrer,
Traço linhas de um mapa que só eu posso ver.
Cada escolha é um risco.
Ainda não sei onde quero chegar;
Meus motivos se dissipam,
Deixando impressões que busco entender.
Sou fragmento que escapa à compreensão,
Um eco entre o vazio e a solidão,
Tentando me revelar em sentimentos
Que me traem e se perdem nas palavras.
Sou mais do que posso ser
E menos do que ouso sentir.
Ainda que não saiba onde vou,
Quando meu ocaso chegar,
Não quero carpideiras pelos cantos,
Não quero velas,
Não quero pranto.
Entre passos incertos e escolhas que me afligem,
Sigo.
Se de fato sou mais ou menos do que ouso sentir,
É algo que jamais poderei saber.
Mas, na dúvida e no caos,
É onde me encontro
E onde me perco.
Ali travarei minhas batalhas.