Entre o Caos e o Eco

Do alto de minhas falésias, por horas a fio,

Contemplo um mundo caótico em dormência.

Nele, distante e intocável,

Portas se fecham, tempestades desabam,

Costuras se desfazem, outras portas se abrem.

Estou cansado da minha leniência,

De permanecer sem ter porquê.

Quero descer e procurar respostas.

Travar minhas lutas, mesmo sem causa.

Desvendar enigmas que não sei decifrar.

Ando cansado da minha apatia.

Nos caminhos a percorrer,

Traço linhas de um mapa que só eu posso ver.

Cada escolha é um risco.

Ainda não sei onde quero chegar;

Meus motivos se dissipam,

Deixando impressões que busco entender.

Sou fragmento que escapa à compreensão,

Um eco entre o vazio e a solidão,

Tentando me revelar em sentimentos

Que me traem e se perdem nas palavras.

Sou mais do que posso ser

E menos do que ouso sentir.

Ainda que não saiba onde vou,

Quando meu ocaso chegar,

Não quero carpideiras pelos cantos,

Não quero velas,

Não quero pranto.

Entre passos incertos e escolhas que me afligem,

Sigo.

Se de fato sou mais ou menos do que ouso sentir,

É algo que jamais poderei saber.

Mas, na dúvida e no caos,

É onde me encontro

E onde me perco.

Ali travarei minhas batalhas.

Divino Alves de Oliveira
Enviado por Divino Alves de Oliveira em 29/10/2024
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