Poesia, não é para todos
A poesia mora no chão,
Nas raízes que envergonham as plantas,
A poesia lambe o fundo das pedras,
Onde nenhum pé de gente alcança.
Porque, para entender o silêncio das coisas,
É preciso ter joelhos de criança, ouvidos de cego
E olhos de formiga.
Ser um pássaro em folha úmida,
Um torrão de nuvem dormindo no céu.
Tudo que sobra nas beiradas do dia,
Na poeira que dança sozinha no sol,
É feito de verso.
E toda gente que não sabe disso,
Segue pela vida sem provar o mel.