ESPÉCIE DE CATARSE

pa(i)ra onde quiseres

olha em redor

e na ausência de esqueletos

atravessa a rua direita

apenas pelos brancos da zebra

deixa as pernas mortas atrás

(elas que caminhem sós!)

para que também morras delas...

do outro lado

paras no primeiro hidrante

e com os braços compridos de fibra

arranca-o do chão calejado

deixa que a água jorre possante

até que lave todas as cascas de banana

todas as pedras descalçadas

todos os ossos enlatados

logo que sintas a ânsia de elevar o tom

é hora de chamar os bombeiros involuntários

para que estanquem a água dissidente

depois enlaças o astro no peito

e rodopias até que tudo esteja enxuto

e aí, sim

- apenas aí!

poderás escrever um poema futurista

de champanhe a borbulhar

28-10-2024

AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 28/10/2024
Reeditado em 18/11/2024
Código do texto: T8183759
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