De certos costumes

Logo cedo/

Quando a manhã/

De Belém se expunha a chuva/

Saindo a rua pela janela/

As vésperas de sexta/

Deparei com aquele/

Que no amanhecer do dia/

Por necessidade/

Por despreparo de vida/

Cansado da labuta noturno/

Cochilava sobre uma cadeira/

Me fazendo pensar /

Me trazendo um pesar/

Por que trabalhar num degredo/

Definha o ser em segredo/

Será que na certificação do pai/

Há enredo pra sacrifício pífio/

Tomar de conta das coisas/

Só na cidade/

Essa indignidade/

Não façam tesouros na terra/

Pois o homens rouba e o ferrugem consome/

Mas se tem que trabalhar/

O que que há de ser/

Na confusão de um confuso/

O que importa dizer/

Tantas coisas perdem o sentido/

Quando se argumenta/

Na vida simples /

Um trânsito de mão dupla/

Com sinal de equilíbrio/

Que os insensatos não enxergam/

Quando vi o sofrido emprego/

Como tantos outros/

Percebi quão absurdo/

É este mundo/

Todavia há dignidade/

Naquele que busca trabalho/

Pra alimentar sua cria/

Se é o que se tem/

Não estamos no além/

Pra questionar a origem da autoria/

No mundo cão/

Bebe-se vinho/

Pra aliviar as feridas/

Ou vive-se sob o bálsamo/

Do que se tem pra sobreviver/

Isso é com você/

Porque a decisão será sempre/

O primeiro passo do seu futuro/