O Poeta Calou

Amanheceu....

E não contemplei os raios da manhã,

O árduo trabalho das abelhas,

A riqueza de nossa fauna,

A pureza de nossos rios,

E as ondas do mar bravio.

Não senti o aroma das flores,

A grandeza dos oceanos e mares,

A variedade de plantas e flores

A compor nossos jardins e pomares.

Entardeceu....

E não tomei café com os amigos.

Não teve gargalhadas e risos.

Não nadei na piscina,

Não sentei no banco da esquina.

Não assisti a sessão da tarde,

Não vi o pôr do sol que arde.

Anoiteceu.....

E não notei o brilho das estrelas,

A intensa luz da lua no quintal,

O uivar dos coiotes,

O triste cantar do urutau.

Nem o brilho do vagalume,

O andar rastejante da serpente,

O silêncio da madrugada,

E o cantar do seresteiro

Para uma pessoa amada.

Nada eu notei nesse tempo que passou.

Nada notei, pois o poeta calou.

Autor: Milton Bezerra da Silva

25/10/24