LEITURA HUMANA
LEITURA HUMANA
I
Saudações às memórias do mundo
Seguindo o ritmo dos humanos
E suas demasiadas tragédias
Desconfio que qualquer pedaço seja...
Nada para quem luta e nada recebe
Vícios dos sentidos do olho e da língua
II
Os metais atravessam luz e treva
Passando adiante dor e agonia
Na gravidade dos escombros
Nada lhe dói da dor iminente dos órfãos
III
Da eternidade querem o trono
Da justiça, o peso da balança
E dos mares uma nova conquista
Antes de conhecerem a terra à vista
IV
Frequentemente idolatra a loucura
Despertando o monstro da artimanha
Reunindo rebanho de humanos combatentes
Servidores da lei e da barbárie
V
O clássico discurso não justifica
A tese do bem e do mal
Nem amplia a ressonância
Dos ditames da cúpula
VI
Da cultura roubam tesouros
Cortando a língua originária
Necessária ao canto e costumes
Das crenças e rituais dos ancestrais
VII
Quem sois?
Perguntai ao tempo
Se já não sabe quem és
O que equivale duas medidas
Tão raro como saber o que convém
VII
O tempo e a vela outra vez
Seguem a luz do farol e das estrelas
Cantai, cantai a sombra da noite
Seus lamentos graves ao som do batuque
Para espantar superstição e agouro
VIII
Lembrai, oh humanos!
Da escuridão e das trevas
Da porta do labirinto
E temeis outra arena romana
E o calabouço da repressão
IX
Livrai do pecado vossa alma
E vossa mão do sangue
Livrai vossos olhos da perdição
E vossos pensamentos das ruínas
X
Despertai, oh humanos!
Para ouvir as trombetas e os clarins
Livrai, oh humanos do vexame
De ser o derradeiro empunhando
A última espada de sangue e vingança
Castro Rosas