Prefácio
Em noites onde os sonhos se moldam ao desejo,
Tu és o Criador de mundos, o artesão do ensejo.
Nas primeiras aventuras, o prazer é o caminho,
Realizas todos os anseios, sem deixar um sozinho.
Mas no Dilúculo, o momento do dia a despertar,
Chega o instante em que o previsível vai cansar,
E buscas o desconhecido, em uma nova dança,
Um sonho sem controle, uma surpresa que avança.
O Dilúculo é um suspiro, uma promessa de recomeço,
Cada sonho é uma aposta, um salto no desconhecido.
E assim, um dia, sonhas o presente já vivido,
Acordas da ilusão, desfazendo a trama do tecido.
Preto e branco, vida e morte, traços da mesma verdade,
O Eu encontra o Outro, espelho da mesma identidade.
Não mais um estranho, agora és parte do mundo,
No Dilúculo, a essência se revela no mais profundo.
Não estás aqui por acaso, nem por simples permissão,
És a Própria Essência, a teia da Criação.
No Dilúculo, sentes tua essência universal,
Parte de tudo, um fio no tecer vital.
Na profundidade do ser, no âmago da vida,
Descobres que és estrutura, a própria guarida.
E assim, na contracapa deste livro que tens em mãos,
Lembramos dos sonhos, das apostas e dos planos vãos.
Pois no final, o que somos, no fundo, no íntimo,
É a trama singular do nosso destino legítimo.
No Dilúculo, onde a luz beija a madrugada,
Somos o elo, a esperança desperta e revelada.