Entre véus
Quem sou eu
Para que possa me desvelar em palavras?
Não sei!
Acaso sou como fumaça,
Escapando entre os dedos, impossível de se capturar?
Tenho receio de mostrar minha essência.
Há muito aprendi a me fechar em copas.
Quem sou eu
Para que possa me desvelar em sentimentos?
Não sei!
Fragmentos de um ser em busca de autoconhecimento?
Busco um lugar que seja meu, mas hesito em lançar âncoras.
Algo em mim se recusa
a fincar raízes.
Há muito aprendi a não confiar em corações.
Como quem observa o mundo através de um vidro,
Com rosto indecifrável, contemplo
o que sou.
Em meio a tantos véus,
angústias cortantes como navalha se revelam.
Em meio às incertezas de me desvelar,
a solidão, como açoite,
expõe um eu impossível de ignorar.
Sou eu capaz de retirar os véus que me escondem?
Não sei!
Descobri que arrancar cascas mal cicatrizadas
faz a ferida voltar a sangrar.
Preciso realmente descobrir?