INSANIDADE
Onde foi parar o tempo
O vento e o mar?
Não vejo, não sinto
Onde estou?
As cores se mesclam e se multiplicam
Num caleidoscópio celestial
Onde não reconheço ares e sombra
Num silêncio que me faz doer a audição
De um nada e um vácuo.
Ó vento, onde se escondeu?
Tempo, ó tempo, estás passando?
Só respiro um ar que desconheço
Que mantém vivo um corpo errante.
Vagando entre espinhos e planícies
Estradas inúteis, pra lado algum
E caminhos que sustentam descalços pés
Cansados de andar na solidão.
Ao longe, além do horizonte
Na imensidão sem fim de intermináveis ocasos
E incontáveis dias e noites em pausa.
Sigo o caminho adiante
Até onde as poucas forças me levam
Enquanto esgoto energias que desconheço.
Somente sigo, porque sigo vivo
Compreendo que alguém deve estar lá
No fim desse caminho infundável
Ou talvez de encontro a mim
Em igual mundo desconexo
De horizontes e planícies
Caminhos e descaminhos
Cobertos por cores várias e ares rarefeitos
À espera de um sinal
De uma outra vida
Que alimento o impulso desses passos quase inertes.