Poesia: 251 - As Feridas Narcísicas

Primeiro vem Copérnico

E retira de mim

O meu mundo do centro do universo

Agora estou à deriva entre tantas galáxias.

Depois vem Nietzsche

E martela em mim

Os meus ídolos da minha fase infantil

Transformando as minhas verdades em ruínas inúteis.

Aparece um Darwin

E arranca de mim

A crença de que sou um sujeito especial da natureza

Agora não passo de uma existência seletiva e aleatória.

Aí vem Freud

E rir de mim

Da minha ingênua consciência de realidade

Agora sou apenas um subalterno do meu inconsciente

Um refém dos meus desejos ocultos e inconfessáveis.

Por fim, o velho Marx

Que viu em mim

Um indivíduo alienado

Que se pensava livre e autônomo

Mas que é apenas um sujeito das ideologias dominantes.

Wander Caires
Enviado por Wander Caires em 20/10/2024
Reeditado em 21/10/2024
Código do texto: T8178269
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