Poesia: 251 - As Feridas Narcísicas
Primeiro vem Copérnico
E retira de mim
O meu mundo do centro do universo
Agora estou à deriva entre tantas galáxias.
Depois vem Nietzsche
E martela em mim
Os meus ídolos da minha fase infantil
Transformando as minhas verdades em ruínas inúteis.
Aparece um Darwin
E arranca de mim
A crença de que sou um sujeito especial da natureza
Agora não passo de uma existência seletiva e aleatória.
Aí vem Freud
E rir de mim
Da minha ingênua consciência de realidade
Agora sou apenas um subalterno do meu inconsciente
Um refém dos meus desejos ocultos e inconfessáveis.
Por fim, o velho Marx
Que viu em mim
Um indivíduo alienado
Que se pensava livre e autônomo
Mas que é apenas um sujeito das ideologias dominantes.