DESCARTE HUMANO

Certo indivíduo, na vida

vagava sim:

comer, fazia mal,

sentir… não podia,

crescer… eterno padecer,

amanhecer, esquecido.

O resto findava-se sempre no…

anoitecer.

Era assim . . .

Carinho não daria, entretanto,

não o receberia.

Escutar, jamais… então:

falar para quê e para quem?

A compreensão era miúda,

porém, sem explicações.

Era assim…

Vontades, tantas,

saudades… variadas.

Soluço, azedo e amargo.

azia

acidez

fel no mel…

Mostrando assim suas verdadeiras

características autênticas.

Era assim.

A vida o embaralhou

chegou-o na mesa da sorte

descarto-ou num tempo

remoto e gélido.

Ele se ardia em febre

tinha uma sede enorme,

avassaladora… entretanto

Negava-se beber no cale-se.

A vontade da lucidez havia secado

sumido de sua rélis visão.

Era assim…

Ele se torneou uma estátua

na poeira do seu existir.

Nas eiras

beiras, tornando-se

uma peneira.

Asneira.

Não era mais gente

menos ainda humana.

Valia o que podia

necessitado e precisado

ele: Esperava…

aguardava que de algum

lado a benevolência

acontecesse e desmerecido

da vida gemeu e entregou

sua vida… efatá…

E assim o vez

deixando sua catacumba vazia

para outro ressurgir.

Atravessou o abismo, recebendo

a promessa que se tornara

pessoa

e assim ele

não será mais entre nós,

mas, em nós.

Consulte a ampulheta e veja

como nosso tempo voa.

E de fininho, sem rumores,

ele se ascendeu

retornado para onde

nunca deveria ter nascido.

Eis os fatos, aqui está a gruta.

Adeus atos.

De agora em diante eu sou para

sempre o que já fui.

Inspiração.

Passagem da morte para a

terna paixão de buscar nas

letras a essência.

Inocência de um dia brotar

do folículo e tornar-me

mais uma vez, delícia

de poesia magistral.

Professor deste meu mundo

pequeno eu sou.

Escola de artes velhas ou modernas.

Pinte seu quadro e

o de.

pendure na parede de teu existir.

Que sono. Vou dormir.

Relaxado

despreocupado

eu estou.

Final realizante.

Estou presente

na tua estante.

Prazer, já não sou mais eu…

agora sou um:

livro. abra-me e não me julgue

apenas pela capa.

Biblioteca.

Editada em 15.09.1996

Reeditada em 18.10.24

Eugênio Costa Mimoso.

Eugênio Costa Mimoso
Enviado por Eugênio Costa Mimoso em 19/10/2024
Código do texto: T8177034
Classificação de conteúdo: seguro
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