A VINGANÇA DO POETA

O poeta é um abestalhado

que sai doido pela noite

E volta pra casa de dia

Com o peito cheio de agonia

De não dizer o que queria

Porque o seu jeito é calado

Mesmo que antes disso

Tenha se perfumado

Passado um creme no cabelo

Tenha falado no espelho

E se enchido de esperança

Três frases de confiança

Pro seu humor levantar

Mas cabe ao poeta avaliar

Pra que tanto martírio

Em elaborar pensamento?

Pra que tanta firula

Se a boca não quer transmitir

O que o peito quer dizer?

Pra que tanto sofrer

Na construção da palavra

Que não encontra saída

Que não encontra valida

E faz a caneta doer?

É assim que nasce o revoltado

Que na ânsia de se vingar

Faz o seu peito sangrar

Com a violência de um malvado

Entorna a caneta com força

Na palidez da folha branca

E deixa a raiva escorrer

A dor que dói sem doer

Do peito em plena vingança

Guillherme Sotero
Enviado por Guillherme Sotero em 18/10/2024
Código do texto: T8176789
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