Era ainda um recém-nascido no berço
Era ainda recém-nascido no berço
Quando caiu do lado um ser diferente dos outros humanos
Tinha asas, porém tombou no chão
Eu não sabia falar emitindo sons, somente falava com pensamentos
E o ser entendia o que eu falava e respondia dentro do pensar
Pois bem, perguntei quem era
Me respondeu ser um anjo e vinha do céu
As asas estavam todas quebradas
Estava cheio de escoriações pela aparição
Já que anjos não tem corpo
Perguntei o que lhe havia causado tanta avaria
Me disse que estava descendo e encontrou próximo à terra
Aviões que o atropelaram decepando as asas
Ventos de tempestades que jogaram areias no seu espectro
E pássaros grandes que lhe sujaram a fantasmagoria
Na minha cabeça de criança aconselhei a ir para um hospital angelical
Retrucou não ter querido voltar ao céu para reparações
Pois sua missão era urgente
Encontraria uma forma de se refazer
Fiquei com muita dó do anjo
E lhe indaguei o motivo de ter caído justo do lado de meu berço infantil
Esclareceu que era meu anjo da guarda
Iria acompanhar e cuidar de minha vida
Meu Deus! Relembrando esse episódio entendo também as avarias da minha vida
Meu anjo da guarda se esforça
Porém, já que é tão frágil e iniciou sua tarefa de maneira desfavorável
Por vezes se cansa muito
Por vezes tem que descansar de outros prejuízos e ferimentos
Por vezes se ausenta para se recuperar
Foi só assim que entendi a trajetória e o destino de minha vida
Meu anjo da guarda empenha-se
No entanto, as vicissitudes que é obrigado a enfrentar
Sei que exige uma grande força de alguém que teve um começo tão débil
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 19 de setembro de 2023