Ato público

Somos um povo degenerado,

Espertos,

Até certo ponto.

De tanta indolência,

E conhecimento de casos fatídicos e inverídicos,

Somos,

Por nós mesmos,

Facilmente enganados.

Imagine eu,

Com mestrado em milongas,

Doutorado em embrolhos,

Fluente no dialeto fornicoques,

Fui ludibriado e iludido,

Pelo desejo e sonho,

De uma tal imortalidade.

Um atraente prêmio,

A chance que tanto combati,

Encoberta pelo emaranhado de letras,

E textos,

Que expressam minha revolução.

Fui ludibriado pela inocência de meus poucos leitores.

Inconscientemente,

Sabendo não haver chances,

Me desmonetizei,

Arrisquei,

Afoito pela esperança de glória,

Ascensão,

E reconhecimento de algo que não sou.

Um marginal das letras,

Não letrado,

Excluído pela tão grandiosa banca,

A qual sempre critiquei,

Pela forma catedrática,

Objetiva,

E controladora,

A qual impõe,

E padroniza,

O que é belo.

Me expus,

E fui esquartejado.

Como pude cair nessa arapuca cantada?

Financiei a quem não apoio,

Trocos,

Trocados,

E ainda vivo com a desconfiança,

Que nem lido fui.

Talvez tudo isso,

Seja reflexo de uma rejeição escondida.

Agora quero voltar.

Não mais com textos em forma de desabafo,

E expondo minha fragilidade e pequenez,

Perante a cultos.

Volto a ser o marginal,

Que como muitos,

Deslocado,

Não encaixado ao grande público,

Que através das palavras,

Busca se encontrar.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 13/10/2024
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