P.E.G.A.D.A.S

A mulher andava… amava…

O homem cantava… marcava…

Pés iam, mãos vinham…

No esmero de um tempo,

ambos, resistiam.

Ondas passavam, areias

iam e vinham, lavadas

nuvens sumiam, e pessoas

findaram no brilho do sol,

arrebol, girassol… Num

momento em que a ampulheta

marcava ainda o que restava.

Olhos atentos questionavam,

bocas balbuciava,

a passarada trinitavam, e

a mulher… resistia

continuava.

Passos… pegadas…

limites, foram muitos.

Vontades

demasias…

tantas…

E os seus pés apenas…

iam, resistiam.

Décadas se foram, séculos

findaram, no entanto, a vida

retornara. Algumas se perderam

pelas estradas fungicidas do

aguardar. Necessidade pura.

Pés resistem.

Sendo … eles …

… elas …

natos imitadores

dos rastros dos seus

ancestrais.

O vento soprou

e levaram-nas para longe,

agora nova era chegou

já não pelejamos mais.

apenas dizemos que somos e

que vamos e lá restaremos.

Abre a porteira e

deixa essa gente

pastar, passar feito

gado de corte, vindos

do norte a caminhar

com o sonho de um dia

no sul chegar.

E as cruzes se espalharam

pelo caminho.

Quem sobreviveu

pode contar… ou desenhar

onde marcaram o pó

da estrada infinita

do meu, nosso

peregrinar…

Foram-se e não retornarão

jamais.

Acreditem!

… … … …

Editada em 29.07.1996

Reeditada em 13.10.24

Eugênio Costa Mimoso.

Eugênio Costa Mimoso
Enviado por Eugênio Costa Mimoso em 13/10/2024
Código do texto: T8172648
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.