Belém da Saudade
Olhando a chuva através da vitrine
Me sentir em Belém do Pará...
As mangueiras envolvidas num carimbó
Embalado pelo brado da passarada.
A molecada toda ensopada,
No alto das cercaduras
Entre os ônibus da Marambaia
Telégrafo e Pedreira
Pulando no Igarapé das armas.
É de se espantar,
Mas havia moleques lá.
Hoje eu ando no Umarizal,
Na Doca de Souza Franco...
Não há mais o buraco cheiroso
na Almirante wandeckoc;
O Benjamin Constant é um gigante esquecido
E a casa da Dona Francisca,
Na vinte e oito, próximo da Quintino
Já está no passado morto.
Não há mais o galpão da Democrata...
A Phebo é alemã
E as ruas, nas noites sofrem de febre tio Sam.
Tudo está consumado
Já não há criança inventando brincadeiras.
As ruas já não são dos boemios.
A cidade está alongada
Além da dor da saudade, o que mata mesmo
É essa miséria fomentada.