C.O.N.F.I.S.S.Ã.O
Debruçado sobre a mesa com a mão
no queixo estou eu, velho poeta a
filosofar… até mesmo o que eu não
possa imaginar.
Juro que gostaria de traduzir em
prosa, rima e verso a gratuidade
da providência… exata e divina.
Estava eu a escutar uma música e
de repente surgiu a emoção, esta
necessidade cruel de escrever, o
que tantos chamam; mas tão
poucos conhecem como…
… inspiração …
A negação.
Agora, continuo, com a mão na
cabeça, ainda com uma necessidade
no peito e a carência fádiga de tentar
entender coisas, gestos, que na
maioria de todas as vezes não
existem… explicações.
Querer saber o que fora ontem,
o que será hoje e o que poderá
ser amanhã.
O pão farta minha pobre mesa, e
aquela mulher tão amada, preenche
este meu ser. Os filhos que faltam
viraram saudades. Não entendo.
Vivo no ofusco da minha mente,
torno a debruçar-me sobre o
pouco que me restou e rezo
de mansinho no meu próprio
ouvido… Oxalá queira que
tudo continue assim.
… Como ?...
Descontente com o pouco
que lhe resta, este quase nada.
A separação dos fatos ou a dita
realidade… que me rói fino
ao meu tecido ósseo.
Findou-se o doce
chegou o limão
acabou a ilusão,
agora resta somente
eu…
Não basta?
Guarde esse segredo e
dê por final.
Ou recomece, porque
eu vou parar.
Pronto… ponto e:
final… seja grande.
Editada em 21.12.1994
Reeditada em 11.10.24
Eugênio Costa Mimoso.