Carência

Caí a chuva sorrateira,

Céu fechado de negro,

E eu, cá a sua espera,

O tormento apavora,

Afogo-me entre lençóis,

Quero teus sóis agora,

Essa ilusão me devora,

Resmungo, porque tanta demora!?

Mal vejo a hora...

Para não desesperar a saudade,

Ansiedade é tamanha,

Deixo-me tímida,

Inspirada pelo tom,

Da minha pele castanha,

Que resmunga seu toque,

Banhei entre almíscar,

E tépalas vermelhas,

Dei aquele toque...

Para abrir o apetite das entranhas,

Trovões desorientam o pensar,

As tantas, estás tu a demorar,

Sinto a pressão do silêncio,

E o chamado crescente do cio,

Na fresta desse jardim,

Que espera seus cuidados,

Murmuro no escuro com medos

Enquanto deixo caminhar os dedos,

Que a sentem húmida assim,

Com o cheiro levando-me a imaginação,

Enquanto me contorço sem fim,

Será que tu vens ou não...!?

Meus lábios incham de ansiedade

Saudade é o pior pesadelo,

Nossa! Quanta maldade,

Para o meu sentir faminto,

Nesse instante aflito,

De esperas e incertezas,

Desse constante frêmito

Que condena meu corpo

Que procura sua língua,

Vem, tira-me dessa agonia,

Que só piora com essa chuva

Em que não estás presente,

E eu toda carente,

Perdida nessa vontade fremente

E enlouquecida pelas contrações

Que circundam o botão,

Ardente esticão,

Que me traz convulsão,

Então, vens ou não (...)

(M&M)

Daniel Miguelavez ou Merlin Magiko
Enviado por Daniel Miguelavez ou Merlin Magiko em 11/10/2024
Reeditado em 11/10/2024
Código do texto: T8171361
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