Pedra d’ara

 

Pasmo no que importa, sem que seja vida,

Pois do fruto, a semente não nos alimenta.

Se o renascer é mágica para ser vivida,

Que seja agora, no auge da tormenta.

 

Não maltrata tanto o abandono e a fome

Como fustiga o dorso esse couro infame,

Se mares me separam do meu parco destino,

Recolham-se os remos e inflem-se os velames!

 

Quero a luta, pois não me basta a vitória.

Vencer não muda. Descansa e acomoda.

Somente na batalha árdua e seguida,

O brio do homem, ao fútil incomoda.

 

A construir, se espalha a humanidade,

Por sobre a mesa. Um jogo de criança.

As peças não se encaixam, tudo tão confuso...

E o tempo voa, assim como a esperança.

 

Crê. Pois só na crença a pedra d’ara,

Espera o homem no cerne do altar.

O dia segue o dia, na espera de outro dia,

E todo dia, sei... É dia de sonhar.