Filtração

Disseram-me que o poema precisa ser refinado,

Requintado e sofisticado.

Foi daí que colhi as palavras em grão,

Forrando lonas de derriça,

Elas, que foram cultivada à sombra,

Avermelharam na madureza.

Lavei, sequei e escolhi as melhores,

E levei à torra pirolítica.

As palavras se tornaram classificáveis,

Umas boas, outras insuficientes.

Então triturei as melhores,

Moí fininho. Bem satisfatórias.

Passei numa fervura necessária.

E subiu um cheiro de sofisticação.

Estou bebendo agora o poema,

Não chega a ser gourmet, porque não faz meu tipo. Gosto das coisas simples e naturais.

Mas o gosto é tão bom que até parece café.