A MARGEM
A MARGEM
Sentado à beira-mar
Numa cadeira sobre a areia
Eu tentava ler um livro
Na leitura me concentrar
Mas a mente sem rumo vagueia
Por outras esferas
Ouvindo cantos de sereia
Eco de outras Eras
Ao longe vejo um risco escuro
Um vulto tremeluzente
Que surgiu de repente
Miragem? Real?
Não estou seguro.
Talvez seja a dona de minha vida
Aquela do meu destino
Ao longe indefinida
Não dá para saber
Na margem a se mover
Sob o sol a pino
Nessa plena incerteza
Abro o livro, começo a ler.
Dalém do mar profundo
Na tempestade que rugia
Irrompem os Titãs irados
Lutando em altos brados
Sob a chuva que caia
Uma vaga violenta
Sobre a nau se arrebenta
Destruindo sem piedade
E acima do furor da tempestade
Um som horrível se ouvia
O som metálico, soturno.
Do tridente mortal de Netuno
Em meu ouvido sopra a Musa
E volto a olhar a sombra confusa
A confusa imagem
Que surgiu na paisagem
Agora vejo com mais clareza
A figura encapuçada
Vejo agora que é ela
Implacável, determinada
Com certeza
Aquela a quem espero
Mas com seu andar cadenciado,
Ela passa reto ao meu lado
Segurando displicente
A FOICE iminente
Sorri e vai além
- Ainda não é hora.
Disse ela e foi embora.
O meu livro volto a ler.
ANTONIO STEGUES BATISTA