Quando você desiste desse mundo

Mas não da vida

Fica difícil não perceber que é tudo fictício

Que nações e impérios são forjados em cima de falácias grosseiras

Que suas bases estão podres

Desde há muito tempo

Assim como o seu topo

Que o teto é inalcançável para a maioria

Quando você desiste desse mundo

Mas não da vida

Não tem como voltar a acreditar em suas mentiras

E voltar a chamar de trabalho o que é exploração

E de justiça o que é manipulação

E voltar para as suas engrenagens duras

Seus rituais de humilhação

A única coisa gratuita desse mundo

Não dá para acreditar que isso é tudo o que pode ser a vida

Depois de já ter vivido momentos genuínos de liberdade, alegrias, prazer...

Momentos de celebração

Que a vida pode ser muito mais, sem precisar de todo esse circo

No mais simples e profundo

Sem economiquês ou discursos vazios

Cheios de palavras

De promessas vãs