TEMPESTUOSIDADE
Já não mais rezo nas cartilhas de antigamente e em hipótese alguma eu durmo com o barulho dos sermões mórbidos e desfalcados dos antigos pregadores. Os belos e instruídos senhores.
… quem são ?... A razão. Mãe de todo aquele que pensa e se auto-corrige. Porque
manco estou das duas pernas, pois deixar-se de corrigir. Cujo ato é uma obrigação. Porém, mentir para si próprio. Privilégios de tão poucos.
… onde habitam …
Se escondem. Vagam e agora vivem deficientes, porque correção… de jeito algum. Entretanto, mentem, pensando que a ilusão seja a mãe das soluções. Se escondem para não compartilhar as iscas de pão que caíram sob a mesa.
… O que são ?...
Ah, meu caro. Não torture-me com essa pergunta de meias patacas. Essas questões são o conteúdo da panderosa caixa dos deuses do olimpo, vamos . Em tiquinho a pouquinho vamos degustar, o velho pão pisado pelo diabo do coronel que resta-nos enterrar. O… butá sete palmos abaixo. Sem deixar restar nada, nem a lembrança.
… Como tudo isso aconteceu ?...
Ora pois, foi… foi… foi…
Mate-me, mas não te direi. Queres saber demasiadamente por demais.
Sou essa gosma visguenta que prega nos beiços teus e dou-lhe a chance de comer
essa polenta feita de água e sal… e nada mais.
Tornei cético de:
pátria
religião
discursos prontos
dou-me por satisfeito.
E desço do meu animal para socorrer o pouco do homem que restou em mim.
Tchau…
adeus…
Vou-me, parto,
irei, puft…
Motorista. Descerei na próxima parada do nada.
ok…
Viajei.
Editada em 13.07.1994
Reeditada em 07.10.24
Eugênio Costa Mimoso.