PÉROLA NEGRA
és a noite aos ombros
enquanto voz d'escombros
disparo de raios sem sol
violetas sem ultras
no céu mais súbito escuro
és duma tinta sem luz
coberta de sombras-capuz
só brilho de crude
a obsidiana miragem
a rasgar-me os olhos
e ao meu peito encolhido
descendo
já denso, de si
da nota mais dura
regurgito a pérola negra
aqui me tens
esférico e compacto
para caber num buraco
aqui me tens
oh morte colorida
06-10-2024