Devir Levezas

E as paredes cheirosas a bolores

E as cercas arrotando horrores

E os muros deteriorando os deteriorados

E os entraves estéreis e miseráveis

E as grades em ferrugem obstinadas

E os subsolos pulverizados corroídos em dores doloridas

E as máscaras com cheiros de vernizes baratos

E as rédeas rotas crespas e ásperas

E os cabrestos rudimentares inflados

E os medos salpicados em múltiplos vértices

E as culpas coloridas e lodentas

com nódoas incrustadas poluídas

destinadas a anestesiar

as vertigens sem aragens

mas, com as fuligens bastardas

E as culpas nos vários varais

encortunidos de mentiras

E o sagrado parto da beleza impugnado de devir da leveza de existir

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 05/10/2024
Código do texto: T8167127
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