ENTRE…DENTES

De banco em banco, faço banca

de porta em porta, fico torta e

de balcão em balcão, me embriago

na lama podre desta sociedade.

Anônimo nos raios de sol…

aniquilado pelo brilho de poucos,

sou eu… capacho dos degraus

onde a metralhadora fora

comitê de recepção para tantos.

Quiçá, talvez, uma mera sorte

de ser mais um cidadão perdido.

Hoje, abordei somente oito,

amanhã quem sabe, mais de vinte.

Tendo em vista que alguns me

emocionam, e assim vamos

prosseguindo.

A copa do mundo cobre tudo

olimpíadas

eleições

Rock in Rio

Lula palusa… ou era…

o teatro de Nero?

Enquanto que nos bastidores:

abortos

fome

misérias e ais… são assim os

classificados de minorias.

De banca em banco, sou

intruso… Revolta, pelas

migalhas caindo das mesas

e ainda somos os cachorrinhos.

Não ter problema… somos,

brazileiros.

Cidadões.

Tudo isso leva-me ao pranto,

tantas saudades

que me salta os pesadelos.

A velha tortura, que doçura!

E a maioria ainda mordem

a língua para não tratá-los

como meros monstrengos.

Displicência pura, madura e

há quem diga que nossa

pátria é armada, amada.

Salve-se, quem puder e

vier… os demais. Corram,

que o facismo brota aí.

Editada em 22.09.1993

Reeditada em 03.10.24

Eugênio Costa Mimoso.

Eugênio Costa Mimoso
Enviado por Eugênio Costa Mimoso em 03/10/2024
Código do texto: T8165774
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