Ferida aberta.
Um quarto mexido pela escuridão
Uma lua que insiste em brilhar apenas para os cantos
Jogo então para fora o meu abismo
Me persegue e me cega uma grande luz
Velha memória que preciso ir contra
Um vazio, uma voz e um abandono
Por que a dor de algo que já nem faço mais conta?
As luzes do relógio são violentas
Agridem meus olhos: são duas e quarenta
Marca a solidão que finca no peito
Uma fuga de um monstro irremediável
Aparentemente antigo, porém insaciável
Nesse instante
Sou uma máquina suada de medo
Rígido na cama, não me ergo
Fico devoto com os olhos pelo portão
Vejo se o monstro foi embora
Seria a realidade ou uma ficção?