Céu aberto

Invada minhas veias com esse veneno

Meu sofrimento ainda é pequeno

Para me redimir dos pecados de outrora

Essas nuvens de presságios me rodeiam

Essa chuva não molha corpos que apenas incendeiam

Mas é ela que me liga ao mundo lá fora

A última estrela trouxe o mais temido aviso

Tomado de pura agonia e incerteza

Não é esse o amor que eu tanto preciso

Nas horas em que meu medo não é mais uma surpresa

Não há fuga deste doce castigo

Este céu azul não combinará comigo

Enquanto a tormenta for dentro de mim

Purifique meus pensamentos com indiferença

Para que a cura se não há doença?

Para que morrer se não há mais vida?

A última dúvida se tornou desilusão

Onde se esconder se não há lugar seguro?

Este céu aberto me afasta de minha amada escuridão

E não há como libertar meu lado impuro...

A neve cobriu a estação

Não há beleza nas coisas que eu sinto

A dor já é a últim sensação

Neste corpo tomado pelo absinto

Da mais pura e cruel solidão...