Tem coisas não dá para aceitar
Tem coisas não dá
Para aceitar
Os nossos povos
De além dos tempos
Nas florestas
Descobrem frutas
Algumas bravas
Cultivam todas
As mansas já
Comem e as
Bravas amansam
Quando comestíveis
Juntam com outras
Formam outras
Frutas e assim vai
Conhecem suas
Vantagens inventam
Bebidas infusões
Comidas doces
Sabem onde nascem
Melhor se gostam
De chuva e sol
Servem para quais
Doenças ou aceleram
Outras e por tudo
Isso põe o nome
Aí vem o cientista
Diz aquele nome
Dado antes por
Causa do saber
Do vegetal
É o nome popular
E não havera de ser
O nome dado
Pelo povo a conhece
Tão bem?
E por esse povo
O cientista sabe
Tudo experimentado
Antes conhecido
Há séculos milênios
Faz experiências
Já com esse prévio
Conhecer e esse parvo
Dá um outro nome
E diz ser o verdadeiro
Nome o mais nobre
Pois é o nome científico
Ora, dá-se! pois respeitem
Os primeiros nomes
Ele diz da fruta
O a fruta é de verdade
Não vou chamar de
Eugenia pyriformis
Vou chamar uvaia
É mais bonito até
Quer dizer fruto
Ácido ou azedo
Não vou chamar de
Psidium cattleianum
Nem nomes bonitos
Sabem dar
Só nomes feios
Pois vou chamar
De araçá e é
Planta que tem olhos
Olha que bonito falar
Vão tomar banho
Bem tomado
Se acham vou chamar
Camponesia phaea
O cambuci vou não
Porque cambuci diz
Ser pote d’água
Belo a não mais poder
Vou pronunciar
Eugenia brasilensis
Para não dizer
Grumixama é a
Fruta pega na língua
Xente e quem vai
Saber o é Bixa orellana
É nada é urucum mesmo
Todo mundo chama
Por ser vermelho
E não é?
E veja bem
Chamar de plinia cauliflora
A nossa jabuticaba
Não sabem é a fruta
Se alimenta o também
Nosso brasileiro jabuti
Não venham com essa
Não cientistas
Fico com os nossos
Sei lá avós
Eles sabiam dizer
As frutas significam
E ainda sabiam
Dar nomes bonitos
Sabiamente o povo
Todo continua
Com os nomes
Dos bem pretéritos
Avós da terra.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 07 de setembro de 2024